Rev. Paulo Brocco

Pregação no culto de encerramento do Presbitério Piratininga.

Batismo da irmã Raimunda Goveia"

"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará"!

Fachada da IPC de Bonfim

Rua A Quadra A, nº 48, Casas Populares - Senhor do Bonfim - BA

Igreja em festa: Confraternização

IPC de Senhor do Bonfim em festa.

domingo, 3 de maio de 2020

O que fazer nas horas de crise? (Fim)


Ler Isaías 7.10-14
Comentário
O reino de Judá passava por uma situação delicada. Ameaçado pela aliança entre Israel (reino do Norte) e Síria, por um lado e na perspectiva de ter de enfrentar a poderosa Assíria num futuro bem próximo. Depois de ouvir a palavra profética de Isaías, de que Deus ajudaria ao reino de Judá, o rei Acaz teve de decidir por um caminho: Fez aliança com Tiglate-Pileser III, o rei da Assíria.
Até aqui, vimos o caráter de Deus. O SENHOR havia feito uma aliança eterna com Davi e, agora, essa mesma aliança era a razão de Sua preocupação com um descendente de Davi, mesmo que se tratasse de um homem ímpio e idólatra. Aprendemos que Deus é fiel e que as circunstâncias da vida não mudam isso. O Senhor quis ensinar a Acaz que em meio a circunstâncias ameaçadoras, não devemos nos voltar para o poder humano. Deus não nos abandona na adversidade. Ele não esquece de Suas promessas. O Senhor jamais ignora a Aliança eterna que estabeleceu comigo, com você e com nossos filhos.
Também vimos o caráter de Acaz. Era tipicamente um homem do nosso tempo. Incapaz de confiar em Deus, ele apelou aos recursos humanos, como a construção de aquedutos e a aliança com a Assíria. Acaz também era um tremendo hipócrita. Recusou o sinal oferecido por Deus não por amar e temer ao Senhor, mas por confiar totalmente na Assíria. Como muitos de nosso tempo, Acaz era ligeiro para citar a letra da lei, mas não conhecia o espírito dela. Ou seja, ele usou um princípio da Lei para negar a própria Lei.
Vejamos Isaías, o profeta.
 Introdução
Isaías é o exemplo de um homem convencido de uma verdade. O dicionário Houaiss define convicção como “uma crença baseada em provas ou em motivos particulares”. Isaías, ao longo de sua vida, viu por diversas vezes a ação de Deus. Ele sabia que Deus não mente, que é poderoso e fiel. Por isso, neste episódio que estamos considerando, salta aos olhos a convicção de Isaías.
Isaías estava convencido da verdade de Deus. Tanto é assim, que, em obediência ao Senhor, Isaías levou o próprio filho à presença do rei (Is. 7.3), o que poderia colocar tanto a sua vida quanto a de seu filho em perigo, conforme a reação do soberano. Quando Jesus disse que o primeiro mandamento é “amar a Deus sobre todas as coisas”, estava ensinando que precisamos submeter a Deus, se preciso, não só o nosso bem-estar, mas o da nossa própria família. Aqueles que possuem essa convicção, transmitem-na para seus filhos e procuram fazer com que eles façam parte de tudo o que se refere à comunhão com o Pai Celestial.
Isaías estava convicto da falsidade de Acaz. Ele conviveu com o rei durante muitos anos, o que lhe permitiu conhecer o caráter daquele homem. Diante da recusa ao sinal divino, veja como Isaías reagiu (Is. 7.13): “Então disse o profeta: Ouvi, agora, ó casa de Davi; acaso, não vos basta fatigardes os homens, mas ainda fatigais ao meu Deus?” Veja como a NVI traduz essa passagem, deixando-a mais clara para nós: “Disse então Isaías: "Ouçam agora, descendentes de Davi! Não basta abusarem da paciência dos homens? Também vão abusar da paciência do meu Deus?
Isaías sabia que Acaz estava mentindo, o que causava aborrecimento a Deus. Acaz era um canalha que prometia coisas sem a intenção de cumpri-las; que elogiava falsamente; que dizia o que os outros queriam ouvir. E Isaías sabia muito bem disso.
Por fim, Isaías estava convencido de seu chamado. Não deve ter sido fácil para ele, saber que Deus estava sendo sincero na oferta de ajuda, enquanto Acaz era dissimulado ao fingir aceitá-la. Mas nem uma coisa nem outra desestimularam Isaías. Quando se tem um chamado da parte de Deus, deve-se cumpri-lo, independentemente dos resultados. Não fomos chamados para converter as pessoas, mas para evangelizá-las; não fomos chamados para endireitar as pessoas, mas para aconselhá-las e discipliná-las. Estamos convictos de nosso chamado? De nossa missão?
 Aplicação
Essa rica história traz-nos lições valiosas sobre três personagens: Um Deus misericordioso e fiel; um Rei hipócrita e medroso; um Servo convicto de sua missão. Num mundo conturbado como o nosso, esses três personagens podem ser vistos ainda na atitude das pessoas.
Deus continua estendendo o Seu amor e misericórdia, exigindo entrega e confiança; os homens continuam fingindo acreditar em Deus, usando palavras bonitas para esconderem comportamentos enganadores; servos de Deus, apesar das circunstâncias continuam convencidos de quem é Deus e que vale a pena entregar totalmente a vida a Ele.
 Conclusão
Dias difíceis exigem pessoas com caráter cristão inabalável. Faça a sua parte, meu irmão, minha irmã. Não olhe circunstâncias, continue em frente na sua missão dada por Deus. No fim, a vontade soberana do Senhor será feita. Amém!

domingo, 19 de junho de 2016

O Dia do Senhor e você!

Você sabe que hoje é domingo, obviamente. E que chamamos este dia de “O Dia do Senhor”. Mas, você sabe o que os judeus entendiam pela expressão “O Dia do Senhor”?

Para o judeu, o tempo estava dividido em duas eras. A era presente, que se considerava absoluta e irremediavelmente má. E a era futura, que seria a época de ouro de Deus, em que o justo reinará com Ele. E entre ambas está o Dia do Senhor.

Este dia, segundo os judeus, será terrível. Muitos dos quadros mais terríveis do Antigo Testamento fazem referência ao Dia do Senhor (Is. 22.5; 13.9; Sf. 1.14-16; Am. 5.18; Jr. 30.7; Ml. 4.1; Joel 2.31).

As principais características do Dia do Senhor no Antigo Testamento eram as seguintes:
1. Viria de maneira espetacular e inesperadamente;
2. Todo o universo seria sacudido em seus próprios fundamentos;
3. Seria um momento de juízo.

Com toda naturalidade os escritores do Novo Testamento identificam o Dia do Senhor com o dia da Segunda Vinda de Jesus Cristo.

É natural que os homens desejem conhecer os sinais da aproximação desse dia. Entretanto, o próprio Jesus advertiu-nos que ninguém sabe quando será o dia e a hora, a não ser o Senhor Deus (Mc. 13.32).

A fim de que nossa curiosidade não nos leve a especular sobre a data da vinda de Cristo, Paulo tem duas coisas a nos dizer:

1. Ele repete que a vinda do dia será repentina. Virá como um ladrão na noite;

2. Ele insiste que isso não é razão para que o homem seja tomado desprevenido e sem preparação.

Só o homem que vive nas trevas e cujas obras são más será pego sem preparação. O ímpio estará se divertindo, trabalhando, descansando, estudando, ganhando a vida. E perderá a sua alma. Para sempre habitará o inferno!

O cristão, porém, vive na luz, e não importa quando venha o dia: ele estará preparado. Acordado ou dormindo, o cristão vive com Cristo e, portanto, está sempre pronto.

Ninguém sabe quando ouvirá o chamado de Deus. Mas é bom saber que há certas coisas que não devem ser deixadas para o último momento. É muito tarde para preparar-se para uma prova quando chega o momento de fazê-la.

Um velho presbiteriano escocês, a quem alguém oferecia palavras de consolo porque havia chegado sua hora, disse: "Já cobri minha casa quando o tempo estava bom"!

E você, está preparado?

Rev. Renato Arbués (adaptado)

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Humildade

É preciso vencer! Seja o primeiro! Não fique atrás! Apareça!
Esses são alguns dos lemas de nossa geração. Uma geração de “vencedores”, ou de pessoas que têm na vitória sua maior meta. O mundo celebra os que vencem, ao autoconfiantes, orgulhosos, convencidos de seu poder. São eles os que se destacam, que conseguem os melhores empregos, as melhores notas no ENEM, que fazem os melhores cursos nas melhores universidades.
E a humildade? Sempre elogiada. Nos outros.
Alguém escreveu que a humildade é eficaz em produzir respeito e confiança a quem a possui. De fato, admiramos e gostamos de pessoas humildes.
Mas é importante observar que a humildade atrai a atenção de Deus! (Is. 66.2).
As Escrituras falam por diversas vezes que os “olhos de Deus” estão a passar pela Terra à procura de algo. Procurando o quê?
Leia Tiago 4.6. Ao contrário do que se diz por aí, parece que Deus não está muito interessado nos “vencedores” de hoje, nos orgulhosos, nos autoconfiantes da vida! Deus Se interessa – e muito – pelos humildes.
O que é humildade? Humildade é avaliarmos a nós mesmos honestamente à luz da santidade de Deus e da nossa pecaminosidade. Sem uma consciência honesta destas duas realidades, toda autoavaliação será distorcida e falharemos tanto em compreender quanto em praticar a verdadeira humildade.
Procure ser humilde. Não uma humildade forçada, para atrair a atenção.
Comece vendo a si mesmo diante da santidade de Deus e da sua própria pecaminosidade: Sl. 8.

Rev. Renato Arbués.

domingo, 5 de junho de 2016

Cuide de sua família!

Por alguma razão desconhecida, o progresso faz com que as pessoas desprezem o passado, como se este não oferecesse qualquer coisa de valor. Isso é especialmente verdadeiro em nossa geração, que vive a era da tecnologia, da internet, do celular. Em nossos dias, mesmo entre os que confessam ser crentes existe uma rejeição sutil dos valores do cristianismo histórico.

Essa tendência é preocupante, sobretudo, no que diz respeito à família. A família é, de longe, a instituição de Deus mais atacada, desprezada e desonrada de nossa geração. Os valores bíblicos não estão sendo apenas negados; estão sendo trocados. Outros princípios têm sido escolhidos pelos homens modernos para, por meio deles, pautarem suas vidas.

Há anos, as novelas da Rede Globo promovem a promiscuidade, a homossexualidade e a violência. A rede Record, tida como primeira rede aberta de televisão evangélica não oferece alternativa. Pelo contrário, escolhe copiar o que a Globo tem de pior. Os valores morais de suas novelas não são diferentes. Em todas elas, encontraremos mentira, violência, homossexualidade e coisas que o velho e bom cristianismo rejeita e declara ser erradas.

Contudo, se você quiser manter bem longe da sua família essas influências malignas e perniciosas, preste atenção ao que ensinam as Sagradas Escrituras sobre o cuidado adequado que deve ser dispensado à família:

Dt. 6.4-9: “Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas”.

Para praticar o que Moisés ensinou, é preciso que restauremos o culto doméstico. Talvez o recurso mais importante deixado por Deus para a salvação de nossa família.

O culto doméstico é importante porque somos mordomos dos dons de Deus. O salmista disse, literalmente, que os filhos são dons do Senhor para nós: “Herança do SENHOR são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão” (Sl. 127.3). Isto explica por que Deus condenou, na época de Ezequiel, o povo de Jerusalém por sacrificar seus filhos aos ídolos. Ao fazerem isso, tais pessoas estavam destruindo a preciosa possessão do Senhor: “Demais, tomaste a teus filhos e tuas filhas, que me geraste, os sacrificaste a ídolos, para serem consumidos. Acaso, é pequena a tua prostituição? Mataste a meus filhos e os entregaste a elas como oferta pelo fogo” (Ez. 16.20-21).

Não perca esta importante verdade: nossos filhos pertencem a Deus, e somos mordomos designados por Ele para cuidar destas almas que nunca morrerão. Seremos julgados como responsáveis por aquilo que fizermos com os filhos que Deus colocou sob os nossos cuidados. Isto significa que devemos usar todos os meios que Ele nos deu para alcançar os nossos filhos com o evangelho do Senhor Jesus Cristo.

Esses esforços serão acompanhados por um senso de responsabilidade espiritual para transmitir a fé à próxima geração. O professor Neil Postman disse: “Os filhos são mensagens vivas que enviamos a um tempo que não veremos”.

É o próprio Deus que nos outorga esta mordomia, por um curto tempo, com a expectativa de que seremos bons mordomos destas preciosas dádivas e de que os levaremos, em um contexto de influência evangélica, a conhecer o Senhor e torná-lo conhecido às gerações vindouras: “A posteridade o servirá; falar-se-á do Senhor à geração vindoura” (Sl. 22.30).

O desejo de nosso coração para com nossos filhos deve ser semelhante ao de Paulo para com os crentes da Galácia, os quais ele chamou de filhos “por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós” (Gl. 4.19).

Se Cristo é a nossa vida, em cada respiração que Ele nos proporciona procuremos apresentá-lo aos nossos filhos, tanto pelo viver como pelo falar. A Bíblia é bastante clara: temos de viver não somente para nós mesmos, mas também para a geração vindoura.

Pense nisso, e cuide de sua família.

Rev. Renato Arbués.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Lâmpada para os meus pés!

“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra; e luz para o meu caminho” Sl. 119.105.

Sempre foi desejo do ser humano conhecer a vontade de Deus. Algumas pessoas nutrem o sonho pelo espetacular, como uma “ligação” do céu ou um bilhete enviado das alturas e entregue em mão por um dos santos anjos. Não faltam, ainda, aquelas que alegam conversar diretamente com Deus, sem intermediário algum, mais de uma vez por dia! Mas, o que significa conhecer a vontade de Deus? Será preciso realmente que haja um evento especial, sobrenatural, para que essa vontade seja revelada para nós?

Acredito que sim. E acredito, sinceramente, que o sobrenatural já aconteceu diversas vezes, possibilitando ao homem o conhecer a vontade do Senhor. O autor de Hebreus disse que antigamente, Deus falou aos pais de “diversas maneiras” (Hb. 1.1). Uma leitura rápida no Antigo Testamento mostra que Deus falou por sonhos, visões, aparições de anjos, inscrições na parede... Ufa! De fato, Deus usou uma variedade de maneiras espetaculares para fazer conhecida a Sua vontade. Contudo, algo não pode ser ignorado: Nenhuma dessas revelações especiais desmentiu ou superou a revelação escriturística.

Isso é assim porque os atos revelacionais de Deus são harmoniosos, unos e integrais. Desde o dia em que Moisés escreveu as primeiras palavras, do que mais tarde seria chamado por nós de Bíblia Sagrada, até o dia em que o apóstolo João colocou o ponto final nessa escritura, jamais houve uma contradição, um erro, nada que desabonasse a harmonia da revelação divina nas páginas das Escrituras Sagradas.

Todos os atos de Deus, todas as palavras que Ele quis que conhecêssemos estão registrados na Escritura Sagrada. Não por acaso, o salmista fala dessa Escritura como “lâmpada para os seus pés”. A figura do salmo (lâmpada para os pés) remete a uma noite escura, em que alguém possuindo uma simples lanterna consegue iluminar apenas os centímetros adiante em que vai colocar os pés. Caso se desligue essa lâmpada, terá apenas a escuridão. Como ver adiante? Como chegar ao destino quando só se pode enxergar onde os pés estão pisando?

O salmista completa o texto dizendo que a Palavra é Luz para o meu caminho. Você certamente sabe a utilidade de um farol para um navio. Se já esteve perdido no meio do mato, também deve ter se norteado ao enxergar uma luz, ainda que distante. A luz indica que há vida e que, portanto, há a possibilidade de socorro.

Meu caro leitor, se você se sente perdido, sem saber para onde ir ou que caminho seguir, volte-se para a luz divina revelada nas Escrituras Sagradas. Leia-a, medite nela e, certamente, encontrará a direção segura a que seguir.

Rev. Renato Arbués.

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Meu Pai!

A Oração do Senhor, o Pai Nosso, talvez seja a passagem mais conhecida da Bíblia. Mesmo em nosso mundo anticristão, ela é amplamente ensinada e aprendida, mesmo por pessoas que raramente frequentam uma igreja.

Mas, o que significam essas palavras? A oração possui algum poder mágico, que atue naqueles que a oram? A simples repetição dessas palavras pode mudar a nossa sorte?

Antes de tudo, é preciso destacar que a Oração do Pai Nosso é um texto teológico, pois nos ensina a respeito de Deus, e todo ensino a respeito de Deus, é chamado de Teologia. Isso significa que Jesus ensinou aos discípulos a pensar a respeito de Deus e a falar com Ele de modo razoável.

“Vós orareis assim: Pai Nosso, que estás no céu”. Nada é mais importante na oração do que à pessoa à qual se dirige essa oração. No mundo antigo, havia muitos deuses, e era quase impossível referir-se a um deles. A evidência do NT sugere que os israelitas não se dirigiam a Deus como “Pai”, pois o uso dessa palavra implicava um tipo de relacionamento inaceitável com Deus. Para eles, ser filho de Deus significava participar da natureza divina, e isso era impossível.

Ao chamar Deus de Pai, Jesus escandalizou os judeus piedosos, pois na mente desses homens, Ele estava afirmando igualdade com Deus. O fato de Jesus ter ensinado seus discípulos a orar a Deus como o Pai deles era, portanto, algo extremamente ousado no contexto religioso daquela época.

Pode-se afirmar que “Pai” equivale a “Criador”. Entretanto, ainda que isso seja verdadeiro, o uso bíblico do termo vai além. Jesus chamava Deus de Seu Pai, mas Jesus não foi criado por Deus. Ele é Deus (Jo. 1.1). Na verdade, todos os habitantes da terra, mesmo Satanás e seus anjos, poderiam chamar Deus de Criador com legitimidade. Entretanto, as forças do mal jamais se referiram a Ele como Pai. O uso da palavra "pai" implica afinidade espiritual que ultrapassa o relacionamento físico, e esse aspecto é uma novidade exclusiva do ensinamento de Jesus.

Ao ensinar os discípulos a orar "Pai nosso", Jesus os conduziu ao seu próprio relacionamento com Deus. Todavia, que tipo de relacionamento era esse, e em que proporção é possível aos discípulos participarem dele?

Quão apropriado é o uso da palavra "Pai" para descrever nosso relacionamento com Deus! As gerações precedentes não tinham problemas com isso. Jesus ensinou os discípulos a orar dessa maneira, e isso lhes era suficiente.

No entanto, por que Deus nos amaria e desejaria que passássemos a eternidade com ele, quando lhe demos as costas e nada fizemos para merecer esse tratamento? A razão é que fomos criados originariamente à imagem dele, com a intenção de que vivêssemos com Ele para sempre. A imagem de Deus em nós é mais bem explicada com a nossa personalidade, ou seja, a habilidade de estabelecer relacionamentos com outras pessoas e mantê-los, quer sejam humanas quer divina.

Por sermos humanos, dispomos da capacidade inata de relacionamento com Deus, que nada pode alterar ou diminuir. Mesmo quando lhe desobedecemos a vontade, a imagem de Deus permanece em nós e nos faz recordar de que temos um relacionamento com ele.

Portanto, orar "Pai nosso" preconiza, em primeiro lugar, a confissão de que Jesus tem o direito de orar a Deus dessa maneira porque Deus é seu pai natural, ao passo que, em relação a nós, trata-se de um privilégio do qual graciosamente nos foi permitida a participação. Isso se dá por termos sido unidos a Cristo pelo poder do Espírito Santo, o que nos capacita a orar de forma legítima e eficaz por termos sido adotados por Cristo.

Orar "Pai nosso" é entrar em um novo relacionamento com Deus, enraizado em seu ser interno, que nos dá acesso à sua mente, algo que jamais ocorreria de outra forma.

Ao transformar nosso relacionamento com Deus do nível de mestre e servo para o de família, Jesus alterou tudo. O relacionamento que ele nos proporcionou é regido pelo amor.

Por fim, na condição de Pai, Deus concedeu-nos o destino eterno. Bons pais deixam provisões para os filhos, fazem planos para o futuro deles e realizam grandes sacrifícios para que os filhos tenham o melhor que eles puderem prover. O que os pais humanos alcançam em grau limitado, com muito sacrifício, pois mesmo os pais mais ricos são incapazes de nos dar tudo de que precisamos, Deus nos concede com a plenitude de seu coração e de seus recursos. A herança que ele nos legou não é finita nem perecível na verdade, ilimitada e eterna em escopo de duração. Não se trata de algo calculável em termos de bens e riqueza monetária, mas de algo muito maior que isso.

Trata-se na verdade de uma posição em seu reino, o grau mais elevado de união e comunhão possíveis para com ele.

Vamor orar? "Pai nosso, que estás no céu..."

Rev. Renato Arbués (adaptado)

quarta-feira, 1 de junho de 2016

O amor de Deus!

As Escrituras nos dizem três coisas a respeito da natureza de Deus. Primeira, “Deus é espírito” (Jo. 4.24). Como é espírito, Deus é incorpóreo, não tem substância visível. Se Ele tivesse um corpo não seria onipresente, mas, sendo espírito, Ele enche os céus e a terra.

Segunda coisa, “Deus é luz” (1 Jo. 1.5), o oposto de trevas. Nas Escrituras, as “trevas” representam o pecado, o mal, a morte; a “luz”, por sua vez, representa a santidade, a bondade, a vida. Dizer que “Deus é luz” significa que Ele é a soma de todas as excelências.

Terceira coisa, “Deus é amor” (1 Jo. 4.8). Não é simplesmente que Deus ama, porém, que Ele é amor mesmo. O amor não é meramente um dos Seus atributos, mas Sua própria natureza.

Muitos hoje falam do amor de Deus, mas são completamente alheios ao Deus de amor. Essa verdade transparece no baixo nível de espiritualidade atual que lamentavelmente se evidencia entre cristãos professos. Quanto melhor conhecermos o Deus de amor mais os nossos corações serão impelidos a amá-lO.

Vamos considerar um pouco o amor de Deus.

1. O amor de Deus é imune de influência alheia:
O amor de Deus é gratuito, espontâneo e não causado por nada nem por ninguém. O amor que uma pessoa tem por outra se deve a algo existente nelas. Mas não há nada naqueles que são objetos do amor de Deus que possa movê-lo a amá-los.

A única razão pela qual Deus ama alguém se acha em Sua vontade soberana. Dt. 7.7-8: “Não vos teve o SENHOR afeição, nem vos escolheu porque fôsseis mais numerosos do que qualquer povo, pois éreis o menor de todos os povos, mas porque o SENHOR vos amava...”.Deus amou o Seu povo desde a eternidade e, portanto, a criatura nada tem que possa ser a causa daquilo que se acha em Deus desde a eternidade.

Um amigo uma vez me disse: “Renato, eu tenho de orar muito para que Deus me ame”. Assim como meu amigo, outras pessoas pensam que devem orar, dar esmolas, fazer o bem, para despertar o amor de Deus.

Mas não é isso que a Bíblia ensina. Se Deus nos tivesse amado em resposta ao nosso amor, ou a qualquer coisa feita por nós, então, Seu amor não seria espontâneo, não seria de graça, não seria livre. Ao contrário, o apóstolo João escreveu: “Nós o amamos a Ele porque Ele nos amou primeiro” (1 Jo. 4.19). Deus nos amou quando nós sequer existíamos: “Assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para Ele, para a adoção de filhos...” (Ef. 1.4-5); Deus nos amou quando nós nem nos interessávamos por Ele: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm. 5.8); Ora, se Deus nos amou quando nós não o amávamos, é claro que o Seu amor não foi influenciado.

Pense um pouco comigo. Pense na pessoa que você mais ama. Seu pai, mãe, filho, marido, esposa... Pense nessa pessoa agora. Reflita sobre o quanto é difícil amá-la. Como é difícil, em algumas ocasiões, amar um filho rebelde e desobediente, ainda que filho; como é difícil amar uma mãe intransigente e sem carinho, ainda que seja mãe. Pois bem, agora pense em você. Você acha que é fácil para as pessoas que convivem com você te amarem?

O que havia em mim ou em você que atraiu o coração de Deus? Absolutamente nada. O que há em nós hoje que pode fazer com que Deus nos ame? Ao contrário, há em nós tudo para afastar o Senhor, tudo na medida para levá-lO a nos detestar, sendo nós pecadores, depravados, corruptos.

Mas Ele nos amou gratuitamente, e enviou o Seu Filho para que todo o que nele crê não pereça mas tenha vida eterna (Jo. 3.16).

2. O amor de Deus é eterno:
O raciocínio é simples. Deus é eterno. Deus é amor. Ora, necessariamente, então, o amor de Deus também é eterno, uma vez que Deus é o próprio amor!

Vamos ao testemunho das Escrituras. Deus disse a Jeremias: “Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí” (31.3). É maravilhoso saber que Deus amava o Seu povo antes do céu e da terra terem sido chamados à existência.

Deus amou o homem antes de o homem ter sido formado do pó da terra. O NT também apresenta essa preciosa promessa. Vou repetir Ef. 1.4-5: “assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo...”. Essa verdade tranqüiliza o coração. Saber que uma vez que o amor de Deus por mim não teve começo, certamente não terá fim.

Se a Bíblia me diz que Deus me amou antes da fundação do mundo, também posso descansar na certeza de que Deus também me amará quando esse mundo acabar: “Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela, estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os seus servos o servirão, contemplarão a sua face, e na sua fronte está o nome dele. Então, já não haverá noite, nem precisam eles de luz de candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos” (Ap. 22.3-5). Deus me salvou antes que eu fosse criado. Isso quer dizer que eu estava salvo antes da existência do mundo, durante a existência do mundo e depois da existência do mundo. É a Palavra de Deus que diz isso!

Os crentes costumam se alegrar na seguinte verdade: “uma vez salvo, salvo para sempre”. Salvo para sempre porque Deus existirá para sempre. Se for certo que “de eternidade a eternidade” Ele é Deus, e é amor, então é igualmente certo que “de eternidade a eternidade” Ele ama a Seu povo. Portanto, “não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus” (Rm. 8.1).

Meu amigo, se você não tem certeza do amor de Deus, leia a Bíblia e ore. Certamente, o Espírito Santo falara a você por meio da Palavra e a aplicará ao seu coração. Desfrute a verdadeira paz, a paz que têm aqueles que são amados por Deus, eternamente!

Rev. Renato Arbués – adaptado.